Um estudo científico, encomendado pela ONG moçambicana Sekelekani(link is external) e divulgado esta terça-feira, mostrou o impacto ambiental devastador da mineração de carvão a céu aberto em Moatize e Benga, na província de Tete. O relatório “Impacto ambiental da mineração de carvão a céu aberto no distrito de Moatize”, coordenado por Ana Piedade Monteiro, Vice-Reitora da Universidade do Zambeze, mostra que as minas, propriedade da brasileira Vale e da indiana International Coal Ventures Limited, alteraram profundamente a qualidade da água e do ar na região, contaminaram a terra e aumentaram a poluição sonora para valores que ultrapassam “largamente os níveis toleráveis”.
As análises ao ar detectaram partículas de dióxido de enxofre, monóxido e dióxido de carbono e óxidos de nitrogénio classificadas como de alto risco. As análises à água também confirmaram a existência de poluição “comprometendo os diferentes usos da água pela população local”.
Ana Piedade considera que estes níveis de poluição terão impactos de saúde. À Deutsche Welle(link is external) declara que “tanto àqueles que estão próximos, como aqueles que estão aqui na cidade [de Tete], com o andar do tempo vão sofrer destas doenças”. Só que não há no sistema de saúde um mecanismo capaz de avaliar a relação entre as doenças respiratórias contabilizadas na região e a exposição às poeiras da exploração mineira.
Para além da saúde, também agricultura e pescas são afetadas através da poluição de caudais e da redução da qualidade da água.
De acordo com o estudo, “a coexistência deste problema com outros permanentes, tais como a falta de saneamento, más condições de habitação e falta de emprego, colocou as regiões afetadas numa posição de grave vulnerabilidade a múltiplos riscos”. O pó de carvão mineral “é o elemento mais importante originado da atividade de extração industrial do carvão mineral em Tete, que atinge grupos sociais tipicamente marginalizados, acentuando a injustiça socioambiental sobre elas”, conclui-se.
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