As cidades de carvão da China estão afundando — de verdade

À extensa lista de desastres ecológicos associados à exploração de carvão na China, que incluem poluição do ar, da água e do solo, adicione mais um: cidades que afundam. 

Três décadas de intensa mineração para suprir o apetite chinês por energia barata deixaram regiões inteiras ao norte do país vulneráveis a um fenômeno conhecido como subsidência, que, em linhas gerais, consiste no afundamento ou colapso de terreno.

Esse fenômeno tanto pode ter causa natural, por características geológicas, ou ocorrer por ação de atividades humanas, no caso, a construção de galerias de carvão subterrâneas. 

Na província de Shanxi, uma das mais afetadas, o governo chinês planeja remanejar nada menos do que 650 mil habitantes até o final do ano que vem, um processo com custo estimado em US$ 2,36 bilhões, relata a agência Reuters, que registrou imagens do estrago provocado.

Pode parecer muito, mas é bem menos do que o prejuízo econômico e ambiental estimado em US$ 11 bilhões decorrente da atividade na região. Pela estimativas oficiais, o fenômeno afeta em todo o país uma área do tamanho da Gâmbia, na África, de 10 mil quilômetros quadrados.

A vida nesses lugares é precária, quem tem um pouco mais de recurso financeiro não espera o socorro oficial chegar para se mudar em busca de melhores condições de vida. Quem permanece, no entanto, convive com estruturas que, aos poucos, se desfazem sobre um terreno traiçoeiro. Rachaduras e buracos no chão são comuns nas típicias casas-cavernas da região.

O problema chegou a um ponto “sem retorno”, que condena as áreas a um futuro fantasma. Apesar do direito da indústria de carvão da China estabelecer uma série de esforços com os quais as empresas do setor devem se comprometer a fim de reduzir o impacto social e ambiental, críticos dizem que a lei não apenas está cheia de “buracos”, como quase nunca é cumprida.

Se a mineração de carvão continuar, de acordo com estudos, uma área do tamanho de Pequim poderá ser afetada pela subsidência até 2020.

Somado aos outros problemas ecológicos provocados pela atividade, tem-se um passivo sócioambiental crescente, que vem num momento em que o setor de carvão chinês enfrenta dívidas galopantes, a queda da demanda e um declínio de longo prazo dos preços do combustível fóssil.

Fonte: Exame

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