Em evento realizado durante o Fórum das Resistências, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, a possível instalação da Mina Guaíba foi debatida. Moradora do Guaíba City e líder de quase 100 famílias que residem no local, Sirley Souza participou de uma das mesas e apresentou a preocupação com o empreendimento.
Em um dos trechos, Sirley lembrou que a fumaça dos incêndios australianos chegou ao Rio Grande do Sul, “mas a Copelmi quer nos fazer acreditar que o pó da mina não chegará nas cidades vizinhas”.
Confira a íntegra da fala de Sirley Souza.
Há alguns anos um grande empreendimento tem sido prometido para o Rio Grande do Sul. Dizem que trará milhares de empregos, que vai gerar progresso e desenvolvimento. É a Mina Guaíba esse grande empreendimento.
Sou moradora do loteamento Guaíba City, que fica em Charqueadas, cidade em que pretendem instalar a mina. Ao nosso lado fica o assentamento Apolônio de Carvalho. Somados, são cerca de 200 famílias diretamente impactadas pelo que chamam de desenvolvimento. São cerca de 200 famílias que teriam de abrir mão de tudo o que possuem. E sem segurança alguma.
Cada pequeno lote de terra que temos foi conquistada com muito trabalho. Trabalho duro, de enxada na mão. Plantamos cada árvore que tem lá. Criamos nossos filhos e netos em nossas casas. Temos nossa vida feita no Guaíba City. E tenho orgulho de representar as pessoas que lá moram. A Copelmi fala em indenização, em dinheiro. Mas qualidade de vida não tem preço. Nossa história não tem preço. Nossas lembranças e vivências não têm preços. Nós não temos preço. Nós temos valores.
Se a mina for licenciada, famílias serão removidas a força. Já aquelas que aceitarem sair de lá e forem para outro local, terão de ficar sob vigilância da Copelmi por cinco anos. Ou seja, você compra uma casa com seu dinheiro e fica sendo vigiado por 5 anos por estranhos que ficarão vendo se você mora mesmo no local onde comprou a nova propriedade.
Por isso digo a vocês: não aceitem esse empreendimento. Digam não ao carvão. Digam: MINA DE CARVÃO AQUI NÃO.
O carvão é uma energia suja. Que pode comprometer a vida não só das famílias do Apolônio e do condomínio onde vivo, mas a de vocês. Quem vive no entorno do local onde querem construir essa mina terá de conviver todos os dias com pelo menos 3 grandes explosões. Isso significa um barulho ensurdecedor, pó e doenças.
Posso não ser uma grande letrada ou cientista. Mas vi que a fumaça dos incêndios da Austrália chegou ao Rio Grande do Sul faz alguns dias. Mas a Copelmi quer nos fazer acreditar que o pó da mina não chegará nas cidades vizinhas. A gente pode não ter estudo, mas tem vivência. Tem luta. Tem trabalho. E tem vida.
E quem defende a vida sabe que onde tem carvão tem corrupção. Convido todos vocês a conhecerem os detalhes dessa mina de problemas. Convido todos vocês a se juntarem aos moradores do Guaíba City e de todos que tem sido aliados nessa luta contra a mina Guaíba. Precisamos da voz de cada um de vocês.
Eu vejo que tem gente que tenta dizer que os ambientalistas são contra o desenvolvimento. Não é isso que está em jogo. É a minha vida, a vida de cada um de vocês em risco.
Nós vivemos desde 2014 sem certeza nenhuma. Estamos parados no tempo. Nós não sabemos o que fazer das nossas vidas. A Copelmi vem ou não vem? Se vem, vai pagar o valor justo pelas propriedades? Ou simplesmente vai nos atirar em qualquer lugar.
O mundo precisa de energia limpa e prosperidade, sim. Mas não às custas da vida de trabalhadores como nós. Carvão mata, suja, polui. Diga não ao carvão.
CARVÃO AQUI NÃO
Diga não ao carvão! Assine nossa petição:
https://campanhas.arayara.org/carvaoaquinao